quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Outra lição

Olá, amigos. No dia de hoje, recebi uma proposta do professor Paulo Armondes para que desenvolva um pensamento sobre o filme "Ilha das Flores", um curta lançado em 1989, ano em que eu ainda nem havia nascido. Pois é. De tudo se tira uma lição. Filme antigo, edição simples, mas lição grandiosa e que ainda se encaixa nos dias atuais. Já havia assistido ao curta, mas sem a atenção necessária para se tirar qualquer coisa que não seja momentânea. Primeiro, acompanhem ou relembrem o curta e depois trago minha reflexão.



O curta “Ilha das Flores” é um daqueles impactantes. Não há como assistir e não se sentir, ao menos, um pouco culpado. É claro e evidente que nós, membros da sociedade urbana, temos a necessidade de consumir e também é claro que sem esse consumo não há sobrevivência. O grande problema é que nós extrapolamos demais esse limite de consumo e nem sequer pensamos que, ao retirar o material das prateleiras do supermercado quando não há a necessidade do consumo, mesmo que de forma indireta, esse material estará faltando na casa de alguém. É essa postura que causa tanta desigualdade na sociedade. O problema não está no capitalismo, ou no consumo. O problema está na mentalidade, no poder, que adquiriu o ser humano com a melhoria das condições sociais de alguns.

Assistindo a esse vídeo, chamei meu irmão, de 10 anos, para acompanhar também. No fim do vídeo, o questionei: “Está vendo porque você não deve jogar comida fora?”. E aí ele me veio com essa: “Mas, e se esse lixo jogado fora não fosse pra ‘Ilha’, esse pessoal não teria comida e, não morreria de fome?”. Pois é. Esse também é outro problema. Vejam só como nossa sociedade se omite em relação a problemas assim. Um problema gera outros. O consumismo gera a desigualdade. O consumismo também gera a maior produção de lixo. Como é mais fácil e prático, jogamos esse lixo em um lugar qualquer, onde não atrapalhe minha vidinha na cidade grande. E aqueles que foram esquecidos pelo avanço econômico da sociedade vão se utilizar do que eu chamo de “lixo” nesse lugarzinho onde eu deposito meus restos.

É bem claro que esse vídeo é bem antigo. Antiga também é a desigualdade entre os seres humanos. Como, num mundo “tão globalizado” como o nosso, com o crescimento da economia, ainda existirem seres humanos, feitos de carne e osso, como nós, ainda se alimentarem dos restos que nós, em nossas condições de seres humanos superiores, julgamos não nos servir.

O vídeo é antigo, mas a lição, infelizmente, nunca fica ultrapassada.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Dica musical do dia

De volta, amigos. A partir de hoje, vamos aproveitar esse espaço para destacar também o que ando ouvindo, deixando algumas dicas de boas músicas/discos para vocês. Sempre trarei ritmos diferentes, para todos os gostos.

Bom, pra começar, relembro um excelente álbum de Os Paralamas do Sucesso. O Acústico MTV, gravado no ano de 1999, é um dos quais ouço com frequência e recomendo a todos vocês. Confesso que sou um grande fã do trabalho dessa banda, e esse é um dos álbuns que mais gosto. Aliás, a banda foi reforçada pela presença de Dado Villa-Lobos, ex-Legião Urbana, para essa apresentação.

Uma das melhores músicas é "Uns Dias", composta por Hebert Vianna. Assista no vídeo abaixo:


Nesse CD/DVD também estão presentes outras grandes músicas, como "Um amor, um lugar" (Hebert Vianna), "Que País é Esse" (Renato Russo) e "Meu Erro"(Hebert Vianna). A última teve a excelente participação de Zizi Possi, numa versão totalmente diferente da original. Confira também:


E essa é a dica musical de hoje. Espero que aprovem.

Um abraço a todos.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Futebol: cada dia mais chato e mais gostoso de se acompanhar (Coluna do dia 8)

Olá, amigos. No dia 8 de Novembro, no Boleiros da Arquibancada, postei minha coluna semanal com o título "Futebol: cada dia mais chato e mais gostoso de se acompanhar". Disponibilizo-a agora aqui nesse espaço para aqueles que ainda não acompanharam. Aliás, esse espaço aqui anda meio parado. Vamos o reativando. Vamos lá.



Os queridos "certinhos", não bastasse o mundo inteiro, parecem querer tomar conta do futebol agora também. Atacante não pode cair quando tocado porque "tentou ludibriar a arbitragem". Outro exemplo ocorreu ontem, após o final do jogo do Cruzeiro e a entrada da Raposa no Z4. Lendo algumas brincadeiras pelo facebook, percebi uma coisa observando alguns colegas nas redes sociais: brincar com o time do amigo/colega soa como se tivesse xingado a mãe do mesmo. Chega a ser irritante. Daqui a alguns dias, quem xingar o árbitro vai ser preso e retirado de seu lugar nas arquibancadas de um estádio qualquer. Uma pena que seja assim. Mas esses são apenas alguns exemplos. Citarei outro que me intrigou nesses últimos dias.


Na semana passada, pudemos presenciar mais uma atitude "certinha" de alguns companheiros de certa parte da mídia. O América iria receber o Corinthians e, avistando uma oportunidade de conseguir maior renda, levou a partida para Uberlândia. Devido ao fato de a cidade do Triângulo estar bem perto do estado de São Paulo, obviamente que o número de torcedores paulistas seria maior. Até aí, pra mim, tudo correto. América, que tem seu estádio passando por reformas, vai jogar em Minas Gerais, em um dos campos adotados pela equipe no início do ano como mando. Ok. Mas para a mídia bairrista, tudo errado.


E não é que o "América inverteria o mando de campo"? "Nossa, o Corinthians está sendo muito favorecido! Como é que a CBF deixa uma coisa dessas acontecer? É claro que o América, praticamente rebaixado, não está nem aí mais pro Brasileirão!". Foi isso que eu ouvi ao longo dessa semana. E o pior nem foi ouvir isso. Pior foram pessoas que sequer acompanham o noticiário local do nosso estado (Minas) compararem esse caso ao caso da redução de ingressos ao torcedor do Atlético Mineiro no último duelo entre ambas as equipes. Os inúmeros colegas que disseram isso, poderiam ter evitado comparações incomparáveis, já diria o outro. São casos bem distintos. Quem se manteve bem informado, sabe bem o que digo e não falaria essa besteira.


Pois é. O América "inverteu o mando de campo" e, mesmo "sem querer mais nada com o campeonato" e "ter dado mostras que entregaria o jogo pro Todo Poderoso Timão", ganhou do Corinthians no Parque do Sabiá, ou do Gavião, como queiram. Ora bolas, isso é futebol! Até o Tite, técnico do Corinthians, havia dito em oportunidades anteriores que jogar com torcida às vezes é "pior" para a sua equipe, que tende a querer resolver rapidamente as partidas, na ansiedade.


Essa é mais uma prova daquelas que não há a necessidade de se olhar apenas um lado das coisas, o lado que lhe convém. O América não inverteu o mando de campo, porque continuou jogando em Minas Gerais, vendeu os ingressos que tinha que vender e o mais importante: venceu.


Agora, deixo uma pergunta no ar: será que os mesmos colegas que fizeram uma tempestade com essa questão do América vender ingressos para o torcedor do Corinthians não teriam a feito também se a diretoria do clube mineiro restringisse a entrada de torcedores da equipe paulistana? Pensemos.


Esse é o futebol. Cada dia mais chato e mais gostoso de se acompanhar, porque se torna cada vez mais imprevisível. Afinal, quem pensaria que o líder Corinthians atuaria tão mal contra o lanterninha América? Deve ter sido nisso que os colegas se apoiaram. Eles não pensaram nessa possibilidade.


Quer uma dica, amigo? Torça pelo seu time, seja menos "certinho" (entenda bem o sentido da palavra), goze o time do seu colega, mantenha a tradição corneteira do futebol. A alegria tem que fazer parte da vida, o futebol também faz parte da vida. E lembre: sua vida não vai acabar só porque seu time perdeu no domingo. E para você, da mídia bairrista, tente observar os dois lados da coisa e analisar friamente as situações para não emitir opiniões contraditórias. É isso.


Forte abraço à todos.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A primeira coluna do novo projeto do Boleiros da Arquibancada

Olá, amigos. Nesse post vocês poderão conferir a minha primeira coluna que foram ao ar nas semanas anteriores no Boleiros da Arquibancada, no nosso novo projeto. O "A bola está comigo" traz colunas diárias com cada um de nossos companheiros. Naquela oportunidade, o título foi "A vitória de Cuba e o enfoque dado ao esporte no Brasil".



Bom, vamos ao assunto que decidi abordar nessa primeira coluna. Os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara se encerraram nesse domingo (30). Em uma matéria anterior, destaquei que apesar de alguns desapontamentos, o Brasil fez a sua melhor campanha na história do Pan, com a exceção daquele que foi realizado no Rio em 2007. De fato, nada mais lógico do que evoluir sempre, tendo visto que nosso país tem 190 milhões de habitantes. Mas será lógico uma ilha de 11 milhões de habitantes que sempre viveu em momentos de ditadura conquistar mais medalhas de ouro do que o Brasil? Eu digo que sim. É bem lógico. Afinal, o que faz um país do tamanho de Cuba ser uma potência esportiva há tantos anos?

O enfoque dado ao esporte em Cuba é diferente do enfoque dado ao esporte no Brasil. Lá, nessa mesma pequena ilha, esporte e educação andam juntos. Aqui, no país "gigante pela própria natureza", como em grande parte do mundo, o esporte está voltado a um jogo de interesses, sempre relativos ao enriquecimento de terceiros. Muito sabiamente, Fidel Castro, ex-líder de Cuba, disse que o desempenho de seu país só não foi melhor devido aos "vendedores ambulantes" que transformam o esporte num comércio e "deixam de lado os ideais e propósitos dos Jogos Olímpicos".

Categoria de base? O que é isso? Nem a maioria de nós que temos o papel de informar sabemos se está surgindo uma próxima promessa no futebol, no basquete, no vôlei ou em qualquer esporte. Não há o interesse da mídia. Não há o interesse da iniciativa privada. Não há o interesse da política pública. O problema não está em investir na joia trabalhada, e sim em não querer investir no trabalho e na moldagem dessa joia, para que surjam mais joias como essa.

Não seria mais fácil educar através do esporte? Cuba consegue fazer isso. E mais: eleva o nome do país, mesmo que "apenas" no esporte. Vagando por essa internet e relembrando outras coisas que li e assisti, descobri que Cuba tem uma faculdade de cultura física em cada província do país. Nessas mesmas faculdades, são cerca de 11 mil alunos matriculados. Um pouco menos de 50% da população pratica esporte sistematicamente, e 25% sem tanta frequência. E no Brasil? Dados de 2010 do MS indicavam que menos de 15% da população do Brasil praticava esporte, e mais de 16% eram sedentárias.

Ah, descobri também que em Cuba todos os esportes/eventos esportivos são gratuitos. E no Brasil? Qual o prazer com o esporte pode ter uma criança pobre, impossibilitada de praticar o mesmo nas "escolinhas" devido às condições de seus pais? Pois é.

O lutador Liván López (de vermelho) fez história para Cuba em Guadalajara, conquistando o 800º ouro para o país, dedicando a conquista à Fidel e Raul Castro.
(Foto: AP)

Ao longo dos meus onze anos de Ensino Fundamental e Médio, sempre estudei em escola pública. E na maioria do tempo, nesses onze anos, a matéria entitulada como "Educação Física" foi mal tratada. Nessa matéria, de educação eu (quase) NUNCA tive nada. Sempre foi apenas um momento em que os meninos são soltos num espaço e correm atrás de uma bola. E é importante deixar bem claro que eu disse "meninos", pois "meninas? Desde quando meninas praticam esporte?". A ideia que eu ouvi e vi acontecer sempre foi assim. Das pessoas que se destacam no cenário esportivo brasileiro atual, poucas são mulheres. Não há um incentivo, uma motivação. E continuará sendo assim. E o grande problema é que enquanto continuar sendo assim, muitos campeões deixarão de ser formados e, o pior, poderão andar por caminhos errados.

Não sou hipócrita de dizer que "o esporte afasta a criança/jovem das drogas". Acho que não é bem isso, não é bem por aí. Mas, de fato, ocupar a cabeça do(a) garoto(a) com educação e esporte é um baita atalho para eliminar a pobreza, o analfabetismo, o vandalismo, e adjacentes. E é um caminho para formar seres humanos corretos, educados, e o melhor: vencedores no esporte e na vida.

Até quando vamos continuar perdendo vencedores? Não sei. Só sei que conheci muitos que poderiam ser vencedores na vida e pararam no meio do caminho.

Espero que isso mude um dia. É, pátria amada ...

Parabéns à Cuba e um "viva!" para aqueles que lutam pela educação e pelo esporte.