
Como tudo em 'nosso' país, os estádios para a Copa do Mundo estão sendo feitos com dinheiro público, em quase sua totalidade. A discussão se é legal ou não já rendeu bastante e ficou por isso mesmo. Agora, surge outro ponto. Se o estádio é feito com dinheiro público, ele deveria ser de quem? Do Estado, ora bolas. Meu, de você que lê esse blog, ou de qualquer outro cidadão que contribuiu para a construção dos mesmos. Mas, no Brasil, não. Aqui o governo investe o dinheiro público (que nunca é pequeno), arca com as despesas e, sem mais nem menos, repassa o estádio para uma empresa da iniciativa privada, que fica com grande parte dos lucros por um período longo e negocia a participação de outros, no caso, os clubes, com quem quiser. É como se você construísse uma coisa qualquer e cedesse ao seu vizinho (ou ao seu colega, sei lá), de presente. É uma aberração. Se não é lucrativo a quem construiu, qual o objetivo de repassar o estádio para essas empresas?
Essa história de o Atlético ter exclusividade no Independência se deve a isso. A BWA (empresa responsável por venda de ingressos) terá 45% dos lucros, assim como o Atlético, que fechou o contrato com a mesma para que mande suas partidas lá. Naturalmente, sabemos que a média de público do Atlético é maior em relação aos outros clubes e, talvez seja esse o objetivo da BWA em fechar com o Galo. O Atlético, como não é bobo, negociou com a empresa e pode lucrar com isso, pois vai poder fazer o projeto de sócio torcedor com valores abusivos de ingresso, provavelmente. É bom deixar claro que eu não disse aqui que o Atlético está certo. Não está mesmo. O clube será outro que vai lucrar nas costas do estado. Mas o que me assusta é como esse tipo de ação é promovida com naturalidade em nosso país. A empresa da iniciativa privada não retirou uma moeda do bolso e, sem mais nem menos, fica com o lucro de quase metade do estádio. As empresas é que convidarão X ou Y para jogar num estádio que passará a ser dela! Não, isso está errado. Aqui em Minas, por exemplo, o governo ficaria com apenas 5% dos lucros. O América, clube que arrendou o estádio anteriormente, terá os outros 5%.
Privatização de coisa púbica. Se é ilegal, eu não sei. Mas que é imoral, ah, isso é.
Foto: Sylvio Coutinho / Divulgação