segunda-feira, 25 de março de 2013

Em busca de um sonho

Aos 20 anos de idade, mineiro Cristiano Felício inicia no ano que vem a caminhada rumo ao sucesso no basquetebol americano

Publicado na edição 52 do Jornal Lince (clique e confira o jornal completo).


Foto: Fiba/Divulgação
Saindo de Pouso Alegre, passando pelo interior paulista, aparecendo em Belo Horizonte e voando para os Estados Unidos. Essa é a caminhada do jovem Cristiano Silva Felício, pivô de 2,06 metros e 20 anos de idade, que saiu do Minas Tênis Clube e arrumou suas malas. O destino? A Universidade de Oregon (EUA), com a qual assinou vínculo para disputar a próxima temporada da NCAA, liga americana universitária de basquetebol. O atleta representará o Oregon Ducks, clube da Conferência Pac 12 da primeira divisão da NCAA, na temporada 2013-2014.

Felício foi uma das gratas revelações da última temporada do Novo Basquete Brasil e viajou aos Estados Unidos em busca de um sonho: jogar na NBA, liga de basquete profissional mais importante do mundo. O jovem atleta conversou conosco no mês de novembro, quando assinou seu contrato com a universidade. Ele nos falou de sua trajetória no basquete, suas passagens anteriores por outros clubes, e o desejo inicial de chegar em território americano.

O começo

Felício teve o primeiro contato com o basquete aos 12 anos de idade, quando já chamava a atenção pela sua altura. "O professor de Educação Física me chamou para praticar o esporte, eu acabei gostando e não parei mais. Tornar-me um jogador não era meu principal objetivo no começo, mesmo porque eu não levava o basquete tão a serio", conta. As coisas mudaram quando ele foi para Jacareí, aos 15 anos. "Ali eu percebi que poderia me tornar um jogador. Desde lá eu mantive e mantenho até hoje este objetivo."

Antes de chegar ao Minas Tênis Clube, equipe onde chamou a atenção de muitos, Cristiano Felício passou por Pindamonhangaba e Jacareí, em 2006. As dificuldades impediram sua permanência na primeira cidade. "Me disseram que não poderiam ficar comigo, pois não tinham alojamento para os atletas. Como eu não tinha condições para bancar uma moradia, pensei que a estrada para mim tinha acabado ali".

Com condições melhores em Jacareí, Cristiano conseguiu passar no teste e por lá ganhou certo destaque. Em 2007, a primeira convocação para a seleção brasileira (categoria de base), onde encontrou com quem seria seu futuro treinador no Minas, Raul Togni Filho. "Depois de retornar ao paulista, estava em casa no meio do ano e recebi uma ligação do Flávio Davis para fazer um teste no Minas em 2009. Acabei ficando", revela o promissor atleta.


Com o novo contrato na mão.
(Foto: Arquivo pessoal)

Do Minas para os Estados Unidos

A passagem pelo clube da capital mineira foi muito proveitosa. "Foi incrível. O tanto que aprendi com cada técnico que tive foi uma experiência inexplicável. Desde o meu primeiro treinador, Flávio Davis, passando pelo Nestor Garcia e chegando ao Raul Togni, que sempre foi o meu técnico na categoria de base, e o Cristiano Grama, no último ano, o Minas foi essencial para tudo o que conquistei na minha vida como jogador de basquete até agora", avalia o jogador.

Após se destacar na temporada 2011/2012 do Novo Basquete Brasil, Cristiano resolveu partir para os Estados Unidos. "Posso te dizer que sempre foi um sonho e sempre busquei correr atrás dele todos os dias. Mas só comecei a pensar realmente nisso depois que acabou o meu vínculo com o Minas. Decidi que essa era a hora certa de estar vindo pra cá”.

Os próximos objetivos são claros. "A primeira meta é ir muito bem na Universidade no meu primeiro ano e no próximo para poder chegar à NBA daqui a dois ou três anos. Espero sempre seguir com a seleção brasileira. 2016 é uma outra meta que estarei trabalhando para alcançar. Representar meu país em casa será maravilhoso", completa Cristiano Felício.

Fã do ala Kevin Garnett e torcedor do Boston Celtics, o jovem já sonha com a possibilidade de jogar ao lado do ídolo. "Se isso chegar a acontecer, seria fantástico, jogar ao lado do meu ídolo e no time que sempre torci". 

Quanto vale uma vida?

"E aí aparece outro porém: as pessoas de bem não poderão ir mais aos campos de futebol?"

Publicado na página de opinião da edição 52 do Jornal Lince (clique e confira o jornal completo).


Mais uma vida perdida em um campo de futebol e a sensação de impotência da população. A notícia que chocou a todos neste mês de fevereiro foi a morte do garoto boliviano Kelvin Beltrán Estrada. O jovem de 14 anos foi atingido por um sinalizador naval atirado por “torcedores” (com todas as aspas que quiser usar) do Corinthians, presentes em Oruro (Bolívia) para o jogo entre o clube paulista e o San José, equipe local, pela Taça Libertadores. Utilizado como item de segurança em navegações, o objeto penetrou pelo olho direito e atravessou o crânio do adolescente.

Doze pessoas foram presas preventivamente pelas autoridades bolivianas e passaram por exames para comprovar a participação ou não no crime. Alguns deles foram flagrados portando outros sinalizadores do mesmo tipo. Já a punição inicial encontrada pela Conmebol, Confederação Sul-Americana de Futebol, foi retirar do Corinthians a possibilidade de receber seus torcedores nos jogos em sua casa, o Pacaembu, pela Libertadores. A decisão valeu por uma partida. Agora, a torcida corintiana não poderá comparecer aos jogos do clube longe de São Paulo. Acho válida a decisão, que pode ser encarada até como leve, pois chegou a ser levantada a possibilidade da exclusão do clube do torneio.

Várias discussões foram abertas após o fato. A maioria dos meios de comunicação, como sempre, buscam um culpado. Um problema de tamanha importância não pode ser jogado nas costas de uma única pessoa. Não foi um acidente (até porque, segundo especialistas, esse tipo de sinalizador não dispara acidentalmente). Está errado quem bancou e autorizou a viagem dos cidadãos para a Bolívia, quem vendeu o instrumento “assassino”, quem autorizou a entrada no estádio e, obviamente, o autor do disparo.

E aí aparece outro porém: as pessoas de bem não poderão ir mais aos campos de futebol? É uma questão muito ampla e qualquer crítica à difícil decisão me parece injusta. A confederação tinha que tomar alguma decisão e, a meu ver, acertou.

A conclusão tirada disso tudo é que está cada dia mais difícil manter a mesma vontade de torcer por seu clube, ir empolgado para o campo de futebol, esquecer os problemas cotidianos e fazer dos 90 minutos um momento de felicidade.

Na maioria das vezes que brasileiros vão jogar lá fora, coisas parecidas acontecem e passam impunes. Cansei-me de ver estádios depredados por torcedores locais após derrotas, descontadas nos adversários. Pedras, pedaços de madeira, pilhas e outras “coisas” foram transformadas em armas por várias oportunidades. É um absurdo o que nossos times sofrem costumeiramente nos países vizinhos, o que não é motivo para os tais “torcedores” fazerem o mesmo e não acontecer nada.

Como não é possível modificar o passado e salvar as vidas perdidas, que esse cenário mude daqui para frente. Que o poder público e a “dona” Conmebol resolvam trabalhar, para dar tranquilidade ao torcedor de verdade e proporcionar o fortalecimento e maior organização de nossa liga continental, ainda a quilômetros de distância dos grandes torneios do futebol internacional.

Na época, o Corinthians se manifestou e disse, em outras palavras, que caso não consiguisse uma decisão a seu favor, sairia da Libertadores. Que saia. A mim e ao torneio não faria falta. Lamentável a postura da imensa instituição e seus comandantes, preocupados única e exclusivamente com o prejuízo financeiro que levariam.

Chega de tragédia, amadorismo e desrespeito. Uma vida vale muito mais do que a cega paixão por futebol.

Ah, diz a Gaviões da Fiel que o autor do disparo é menor de idade. Acho que já vi esse filme antes...