quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A primeira coluna do novo projeto do Boleiros da Arquibancada

Olá, amigos. Nesse post vocês poderão conferir a minha primeira coluna que foram ao ar nas semanas anteriores no Boleiros da Arquibancada, no nosso novo projeto. O "A bola está comigo" traz colunas diárias com cada um de nossos companheiros. Naquela oportunidade, o título foi "A vitória de Cuba e o enfoque dado ao esporte no Brasil".



Bom, vamos ao assunto que decidi abordar nessa primeira coluna. Os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara se encerraram nesse domingo (30). Em uma matéria anterior, destaquei que apesar de alguns desapontamentos, o Brasil fez a sua melhor campanha na história do Pan, com a exceção daquele que foi realizado no Rio em 2007. De fato, nada mais lógico do que evoluir sempre, tendo visto que nosso país tem 190 milhões de habitantes. Mas será lógico uma ilha de 11 milhões de habitantes que sempre viveu em momentos de ditadura conquistar mais medalhas de ouro do que o Brasil? Eu digo que sim. É bem lógico. Afinal, o que faz um país do tamanho de Cuba ser uma potência esportiva há tantos anos?

O enfoque dado ao esporte em Cuba é diferente do enfoque dado ao esporte no Brasil. Lá, nessa mesma pequena ilha, esporte e educação andam juntos. Aqui, no país "gigante pela própria natureza", como em grande parte do mundo, o esporte está voltado a um jogo de interesses, sempre relativos ao enriquecimento de terceiros. Muito sabiamente, Fidel Castro, ex-líder de Cuba, disse que o desempenho de seu país só não foi melhor devido aos "vendedores ambulantes" que transformam o esporte num comércio e "deixam de lado os ideais e propósitos dos Jogos Olímpicos".

Categoria de base? O que é isso? Nem a maioria de nós que temos o papel de informar sabemos se está surgindo uma próxima promessa no futebol, no basquete, no vôlei ou em qualquer esporte. Não há o interesse da mídia. Não há o interesse da iniciativa privada. Não há o interesse da política pública. O problema não está em investir na joia trabalhada, e sim em não querer investir no trabalho e na moldagem dessa joia, para que surjam mais joias como essa.

Não seria mais fácil educar através do esporte? Cuba consegue fazer isso. E mais: eleva o nome do país, mesmo que "apenas" no esporte. Vagando por essa internet e relembrando outras coisas que li e assisti, descobri que Cuba tem uma faculdade de cultura física em cada província do país. Nessas mesmas faculdades, são cerca de 11 mil alunos matriculados. Um pouco menos de 50% da população pratica esporte sistematicamente, e 25% sem tanta frequência. E no Brasil? Dados de 2010 do MS indicavam que menos de 15% da população do Brasil praticava esporte, e mais de 16% eram sedentárias.

Ah, descobri também que em Cuba todos os esportes/eventos esportivos são gratuitos. E no Brasil? Qual o prazer com o esporte pode ter uma criança pobre, impossibilitada de praticar o mesmo nas "escolinhas" devido às condições de seus pais? Pois é.

O lutador Liván López (de vermelho) fez história para Cuba em Guadalajara, conquistando o 800º ouro para o país, dedicando a conquista à Fidel e Raul Castro.
(Foto: AP)

Ao longo dos meus onze anos de Ensino Fundamental e Médio, sempre estudei em escola pública. E na maioria do tempo, nesses onze anos, a matéria entitulada como "Educação Física" foi mal tratada. Nessa matéria, de educação eu (quase) NUNCA tive nada. Sempre foi apenas um momento em que os meninos são soltos num espaço e correm atrás de uma bola. E é importante deixar bem claro que eu disse "meninos", pois "meninas? Desde quando meninas praticam esporte?". A ideia que eu ouvi e vi acontecer sempre foi assim. Das pessoas que se destacam no cenário esportivo brasileiro atual, poucas são mulheres. Não há um incentivo, uma motivação. E continuará sendo assim. E o grande problema é que enquanto continuar sendo assim, muitos campeões deixarão de ser formados e, o pior, poderão andar por caminhos errados.

Não sou hipócrita de dizer que "o esporte afasta a criança/jovem das drogas". Acho que não é bem isso, não é bem por aí. Mas, de fato, ocupar a cabeça do(a) garoto(a) com educação e esporte é um baita atalho para eliminar a pobreza, o analfabetismo, o vandalismo, e adjacentes. E é um caminho para formar seres humanos corretos, educados, e o melhor: vencedores no esporte e na vida.

Até quando vamos continuar perdendo vencedores? Não sei. Só sei que conheci muitos que poderiam ser vencedores na vida e pararam no meio do caminho.

Espero que isso mude um dia. É, pátria amada ...

Parabéns à Cuba e um "viva!" para aqueles que lutam pela educação e pelo esporte.

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